12/06/2015

VerdeSinos promoveu Curso de Horticultura Agroecológica

conteceu, nos dias 10 e 11 de junho o Curso de Horticultura Agroecológica, no Espaço Sementes da Vida, mais conhecido como “Sementinha”, no município de Araricá. O curso foi ministrado por Leandro Venturini, Coordenador do Centro Ecológico de Ipê, e é uma atividade do Projeto VerdeSinos, patrocinado pela Petrobras, através do Programa Socioambiental. Destinado a agricultores participantes do projeto, parceiros dos Centros Ambientais, representantes comunitários e profissionais da área, o curso iniciou trazendo um olhar mais apurado em relação aos impactos da “modernização” da agricultura.

Leandro apresentou os princípios básicos da Agroecologia, e ressaltou que com a publicidade dos anos 70 usando a chamada “Defensivo, uma ajuda no combate à fome”, as linhas de crédito direcionadas exclusivamente para a compra de agrotóxicos e os promotores de vendas indo às propriedades rurais para oferecer o produto, o agricultor acabou usando pois acreditou que faria bem, e as consequências desta modernização são a perda da autonomia sobre sua plantação e da biodiversidade, até problemas mais graves como a degradação do solo, os graves problemas de intoxicação e a contaminação das águas.

Além de capacitar o produtor rural com técnicas para viabilizar uma produção ecológica, preservando solo, água, qualificando e aumentando sua produtividade e gerando renda, o curso visou fomentar e fortalecer a interligação entre os agricultores, incentivando-os a criar redes em suas comunidades para que repliquem, reproduzam e divulguem os conhecimentos e técnicas adquiridos.

Um problema recorrente já há algumas décadas é o êxodo rural, fenômeno muitas vezes incentivados pelos pais, que não querem a mesma “vida de sacrificio” para os filhos. Mateus Mello, da Emater, salienta que esta é uma visão ultrapassada “Precisamos acabar com essa ideia de que a vida do agricultor é uma vida sofrida e de sacrifícios, hoje contamos com créditos facilitados, máquinas e qualificação profissional. Hoje o agricultor é um profissional com papel de destaque na sociedade, e não mais um colono. Nosso objetivo é fortalecer essa rede de profissionais”.

De acordo com Leandro, o êxodo rural atualmente se dá pelo status, o jovem rural só tem olhos para o horizonte urbano e ainda tem a falsa concepção de que ser agricultor não é um trabalho tão reconhecido quanto as possibilidades da cidade grande. Comentou sobre o êxodo urbano na França, que em função da crise europeia surge os new farmers, novos agricultores que estudam e voltam para o campo investindo na propriedade, com a lógica de produzir comida, o que está reconstruindo a economia europeia.

Alexandre Silveira Ramos, agricultor de Santo Antônio da Patrulha é produtor de hortaliças e se mostrou bastante satisfeito com os benefícios que o projeto VerdeSinos já lhe trouxe, já ganhou uma cisterna, orientação sobre como agir de forma ecológica e capacitações. Alexandre ressaltou a importância da valorização do profissional da agricultura para diminuir o êxodo rural: “O agricultor deveria estar num pedestal, onde ele fosse visto e lembrado como aquele que produz, aquele que nos alimenta, é isso que está faltando para os “filhos” ficarem. Tem muitos filhos que vão trabalhar em fábricas com salários muito inferiores ao que poderiam lucrar ajudando suas famílias na produção rural”.

Para a educadora Dina Sueli Lima de Oliveira, filha de agricultores, a paixão pela roça é fundamental para que os filhos não se sintam tão atraídos pela cidade. “Esse trabalho que os guris fazem aqui, essa Sementinha que eles plantam nas crianças é de extrema importância, todos os municípios deveriam ter, esse aprendizado deveria começar por aí, pelas crianças”.

No dia 11, os alunos aprofundaram seus conhecimentos em legislação, e aprenderam teoria e prática sobre biofertilizantes, compostos, fermentados e preparados usados no sistema de produção orgânica. A parte prática aconteceu na propriedade do Sr. Rubem Harff, agricultor participante do projeto VerdeSinos, em Sapiranga.